... que
envolvem o FBI ou a polícia secreta, cenas onde em uma casa
vizinha ou num furgão estacionado do outro lado da rua, homens
nervosos ficam atentos a todas as conversas dos espionados. Nada
que não aconteça na vida real, assim como os mais variados
propósitos que englobam desde um caso conjugal ou processos que
envolvem divórcio e custódia de filhos, até espionagem
industrial, crimes políticos, corrupção, casos de fraudes,
lavagem de dinheiro e drogas.
Na maioria
dos países desenvolvidos a escuta clandestina é crime.
No Brasil
não é diferente. De acordo com a lei a espionagem só pode ser
realizada por um órgão policial, desde que tenha um bom motivo
como, por exemplo, a solução de um caso de seqüestro.
A utilização
desse tipo de ferramenta deve ser sempre autorizada por um juiz.
Na prática,
a realidade é bem diferente do que reza a lei.
As inovações
tecnológicas na área de espionagem permitem, que microfones
diminutos possam ser colocados em ambientes, sendo sua
transmissão captada por um rádio tipo HT a cerca de um
quilômetro de distância, sem que ninguém desconfie da operação.
Estas
sofisticadas engenhocas eletrônicas, adquiridas com relativa
facilidade, podem ser instaladas em paredes, vasos de plantas,
relógios de parede, sob mesas ou cadeiras e outros tantos
lugares.
O tamanho de
um transmissor de rádio-freqüência é de cerca de 1 cm. Utiliza
dois pequenos fios, um para conectá-lo a uma fonte de
alimentação (pequena bateria ou mesmo corrente) e o outro
servindo de antena.
Por seu
tamanho ser reduzido, é possível colocá-lo no interior de um
aparelho telefônico.
Alguns modelos permitem ser instalados
do outro lado da parede da sala que está sendo monitorada, pois
captam a vibração através da mesma.
Vários
investigadores particulares adoram estas engenhocas, Richard
Nixon, por exemplo, também era um apreciador.
Existem
ainda os microfones que já são adquiridos embutidos em outros
objetos, tais como canetas, chaveiros, maços de cigarros,
detectores de fumaça, plantas e até mesmo na azeitona do
Martini, onde a antena é o palito.
O
equipamento mais original foi descrito por Winston Arrington no
seu livro “Now hear this” ou seja, “Agora ouça isto”.
Esse modelo
foi utilizado por uma policial, infiltrada no meio de marginais,
para dar um flagrante de distribuição de drogas, numa quadrilha
que freqüentava uma praia onde as mulheres praticavam topless.
Arrington
descreve um transmissor, nada mais, nada menos, que
intra-dental, acredite se quiser.
Quanto à espionagem
telefônica, existem dois métodos mais utilizados: um deles,
denominado bug, consiste em colocar um transmissor de RF no
aparelho espionado.
O outro
método consiste na velha técnica do grampo, ou seja, conectar um
par de fios em qualquer ponto da linha.
Através
deste último é possível até conectar-se a um aparelho de FAX,
obtendo cópias dos documentos que trafegam na linha. Hoje em
dia, muitas empresas acabam utilizando estes métodos pouco
ortodoxos para obter vantagens competitivas ou mesmo por uma
questão de sobrevivência do negócio.
No entanto,
é possível o estabelecimento de contra-medidas que podem ser
utilizadas para detectar precocemente se algo de anormal está
ocorrendo.
Existem
equipamentos ultra-sofisticados capazes de detectar, por
exemplo, se existe um emissor de RF no ambiente da empresa,
localizando microfones que operem entre 1 MGz e 4.5 GHz.
Para isso, é
feita uma varredura em todos os locais internos e proximidades,
tais como:
corredores, escritórios, dutos de
ventilação, banheiros, mobílias, etc. Existe ainda outro
equipamento, de alta sensibilidade, que permite descobrir
transmissões secretas de qualquer classe de modulação dentro de
freqüências de 1 GHz a 4.5 GHz, possibilitando observar a
transmissão em sua tela gráfica e ouvindo-a simultaneamente.
Quanto a
escutas telefônicas, o trabalho é maior, pois devem ser
analisados todos os telefones da instalação, desmontados e
inspecionados para observar se não há um elemento estranho ou
fio fora do padrão e até mesmo a tomada, por onde se possa
escutar mesmo sem o telefone estar em uso.
Outro tipo
de equipamento analisa a linha telefônica, ou seja, verifica se
a voltagem existente na linha está alterada.
Quando se
insere uma derivação numa linha normal, a voltagem cai,
indicando a presença de um grampo. Uma técnica pouco ortodoxa
para “queimar” qualquer grampo existente, mesmo sem descobri-lo,
utilizada por alguns técnicos experientes, é injetar uma
corrente maior na linha (dar um choque).
O perigo
reside no fato de que se não for bem aplicada a técnica, pode-se
queimar toda a central telefônica, o que equivaleria a matar o
carrapato liquidando a vaca.
Existe ainda
outro tipo de equipamento de contra-inteligência que é portátil
e pode ser utilizado discretamente junto ao corpo de quem está
executando o serviço ou que se julga vítima de espionagem.
A antena
deste pequeno aparelho fica no pulso da pessoa e, quando
detectada a presença de um gravador de fita magnética ou
mini-câmera com gravador de posse do interlocutor, o aparelho
vibra no bolso de quem o porta.
Note-se que
este aparelho detecta gravadores, independentemente de emissão
de RF.
Um dos
equipamentos mais modernos para escuta clandestina utiliza um
feixe de raio laser dirigido a uma janela, captando a vibração
do vidro produzida pelo som das vozes das pessoas numa reunião,
por exemplo.
Este tipo de
aparelho é de difícil detecção, pois não utiliza RF, não
intercepta linha e não grava nada localmente. Neste caso, quem
quiser ter maior segurança não deverá ter salas de reunião junto
a fachadas com janelas. Equivale a dizer que além das paredes,
as janelas também têm ouvidos.